O que Hearthstone significa pra mim – por Sottle com comentários do Bocejo

Sabe aquelas coisas de “uma escolha pode mudar tudo” e coisas do gênero?! Isso nós sabemos de cor, seja no jogo ou seja na vida, as escolhas tem suas consequências e desdobramentos.

Este circuito de Playoffs do HCT foi o último de uma era no Hearthstone, a próxima temporada do competitivo vai ser diferente, um bocado de coisas vão mudar.

Eu jogo Hearthstone praticamente desde que ele foi lançado e nunca parei. Sempre amei o jogo (apesar de por vezes odiar um ou outro deck :P) e continuo amando. Claro que tenho muitas histórias bacanas para contar sobre ele, muitos amigos que eu conheci e se tornaram parte importante da minha vida – tanto pessoal quanto profissional, mas hoje, o texto não é sobre mim, é sobre Simon Welch, mais conhecido como Sottle, narrador das transmissões em inglês de Hearthstone.

Neste domingo ele publicou o seguinte tweet, com um link:

Tradução

O que Hearthstone significa pra mim

Agora estou deitado numa cama de hotel depois de mudar três vezes de fuso horário em três semanas, estou exausto e cheio de emoções pelo fim de uma era.

Sou uma pessoa muito privada, as vezes até demais, a menos que você tenha visto aquela live onde falei sobre isso e cai no choro no processo, as pessoas não sabem muito da minha vida anterior ao Hearthstone.

Isso é o que Hearthstone significa pra mim:

Na época do meu 17˚ aniversário, meu pai teve um um problema cardíaco e fomos correndo para o hospital. Depois da ressuscitação ele foi diagnosticado com insuficiência cardíaca congestiva que – agravada por diversos outros problemas médicos – daria a ele em torno de um ano de vida. Era só ele e eu e, sem ver outra solução possível na minha frente, eu abandonei tudo para tomar conta do meu pai. Deram um ano de vida pra ele, nós fizemos com que fossem dez.

Aos 27 anos de idade, meu pai faleceu e eu fui confrontado com uma descoberta bem louca. Pela primeira vez na minha vida adulta, eu senti que tinha uma chance, eu tinha o controle, eu tinha opções, mas o que era mais assustador é que eu não tinha ideia sobre o que eu queria fazer.

Eu sempre dava um jeito de arrumar dinheiro e me virar enquanto eu cuidava do meu pai e nunca tinha parado um momento pra pensar quais eram minhas metas. Eu estava, basicamente, começando minha vida aos 27. Foi nessa época que eu comecei a jogar Hearthstone e estava ficando obcecado por ele, então depois de conversar muito com a minha esposa, decidimos que eu daria uma chance de um ano competindo e fazendo lives, pra ver o que daria disso. Um ano depois, eu tinha dinheiro de prêmios de campeonato na conta, cerca de 200 pessoas sempre assistindo a minha live e, o mais empolgante, eu tinha começado a ser contratado para comentar torneios.

A transição para narrador me levou a visitar dezenas de países, conhecer pessoas maravilhosas que eu tenho orgulho de chamar de amigos e me levou a um caminho que alguns anos antes eu não pensaria que era apenas difícil, mas que era tão fora da realidade que eu nem teria considerado. Para muitas pessoas a ideia de ter um emprego que você ama a cada minuto, todos os dias, é apenas um sonho, comigo, isso nunca passou pelos pensamentos. Por anos a mera ideia de escolher algo que eu queria fazer era fora da realidade.

São duas as razões pra eu estar compartilhando isso. Primeiramente, é uma boa hora pois este é o encerramento de uma era no cenário competitivo de Hearthstone (e sim, é o início da próxima) e gostaria de compartilhar o que essa jornada significou pra mim, mas também, pelo que aconteceu hoje com o Tyler. A história do Tyler bateu pesado em mim nas últimas semanas e, mesmo considerando ele um amigo, eu não cheguei a oferecer meu suporte durante essa coisa toda que ele passou – foi algo parecido com o que aconteceu comigo e era muito doloroso. E eu me senti muito mal com isso.

Houveram vários momentos hoje, chegando próximo da qualificação para o mundial, que eu tive que sair de cena pra me recompor antes de voltar para as câmeras porque a história dele estava acontecendo tão parecida com o que eu tinha experimentado, mas de uma maneira muito mais condensada e intensa. Tyler é uma inspiração para mim como jogador e ainda mais como pessoa.

Mas mais do que isso, cada um de vocês que me apoiou, ou que me aguentou (e as merdas que eu falo) e que fez toda essa jornada maluca possível, vocês são uma inspiração pra mim.

E eu estou realmente transbordando de honra por fazer o que eu faço.

GG, eu amo Hearthstone.

Simon Welch (Sottle)

Considerações

Bom, algumas considerações: se você não sabe o que rolou com o Tyler, ele perdeu o pai recentemente, após os médicos no Vietnã não saberem o que ele tinha. Tudo foi tentado, e ele conseguiu aliviar um pouco o pai com a ajuda de médicos e amigos de fora. Antes, ele prometeu cuidar da família, comprar de volta o terreno que era de sua vó – e que ela vendeu para que a família pudesse migrar para a Holanda nos anos 90 e fazer lives de caridade para as pessoas pobres do Vietnã. Tyler acabou de conquistar uma vaga para o torneio de Inverno do HCT, com chance de ir para o mundial. 

O Hearthstone, assim como quase todos os outros jogos, tem muitos, muitos exemplos de superação! Sottle foi uma das pessoas mais fundamentais para eu me apaixonar pelo Hearthstone. Foram dele as primeiras listas que eu montei, os primeiros guias que eu li e foi pensando no bem que ele faz pra mim no jogo que entrei em contato com a Sabrina para escrever aqui, para fazer parte do MdE.

Junto com a Sá começamos o TopDecks, que já completou mais de 100 decks e toda semana traz dicas bacanas de como pilotar bons decks para subir de ranque. O TopDecks cresceu com mais gente entrando na equipe do MdE, hoje temos o TopDecks Wild e, CLARO, o MemeDecks também.

É uma honra participar dessa equipe e sei que o resto da galera do MdE diria o mesmo.

Sottle recebeu dezenas de mensagens de apoio, de amor, de agradecimento (minha também, claro) e queria muito compartilhar esse momento dele com vocês, leitores do MdE também.

Sempre apoiem, com um like, um obrigado, um elogio… essa galera que trabalha e ama os jogos que vocês amam também. Fazemos isso porque queremos ver o cenário crescendo, as coisas sempre melhorando. Fazemos isso por vocês!

GG, eu também amo Hearthstone!

“Bocejo” se apaixonou por Hearthstone em julho de 2014. De lá pra cá o relacionamento ficou sério, eles decidiram morar juntos e hoje vivem felizes para sempre. Já chegou ao lenda e fez 12 wins na arena diversas vezes. Costumava dizer que para “zerar" Hearthstone só faltava ganhar do Rase… mas agora que já ganhou, só resta mesmo sonhar com o mundial (do Rase, claro).